O que comer quando não se pode fazer
- Victoria Bernardes e Victoria Mansoura
- 30 de nov. de 2016
- 3 min de leitura
Veganos e vegetarianos sabem que requer tempo preparar suas próprias refeições, pois depender de opções na rua é dar sorte ou azar. Mas não são todos que possuem o privilégio de arranjar um espaço na agenda para dedicar-se à culinária por conta da correria diária. Essa necessidade de alimentar-se bem e não deixar de lado atividades cotidianas, ofereceram boas oportunidades de empreendedorismo para os mais atentos. Assim como onívoros, muitas vezes, recorrem ao fast-food ou aos congelados como uma alternativa mais rápida de saciar a fome, os veganos e vegetarianos também encontram suas opções alternativas de alimentação durante o trabalho.
Existem diversas maneiras de aderir à prática de alimentação saudável e balanceada nutricionalmente nas empresas. Palestras, workshops, variedade de frutas e verduras nas refeições servidas pela empresa e pratos que atendam as preferências e restrições de todos os colaboradores.
As sócias do Atelier Baunilha, Luiza Cantarin, gastrônoma, e Priscila Cantarin, nutricionista com especialização em segurança alimentar, acreditam na importância das empresas investirem em saúde e bem-estar de seus colaboradores, com ações e atividades como ginástica laboral, momentos de descanso e lazer durante o trabalho e incentivo à boa alimentação. "Um profissional com bons hábitos trabalha e produz melhor, tem menores índices de absenteísmo, se sente mais valorizado e, por consequência, mais motivado. Esses investimentos tem bom retorno tanto para os colaboradores quanto para a empresa", contam.
Existem empresas que não oferecem nenhum tipo de incentivo ou de opções para pessoas que possuem alergias, intolerâncias e restrições alimentares, como é o caso dos veganos e vegetarianos. Ainda sim muitos trabalhadores optam por fazer a primeira refeição do dia ou o lanche da tarde no escritório. Esse público geralmente investe em alimentos congelados ou snacks prontos. ''Pode existir a perda de nutrientes no congelamento, mas, desde que todo o processo de produção seja feito de forma correta (que vai desde a escolha de ingredientes, passando pela cocção e o resfriamento), essa perda pode ser minimizada'', finalizam as sócias do Atelier Baunilha.
AWA culinária tem como principal objetivo oferecer opções alimentares veganas de iniciativa artesanal. Gustavo de Britto, formado em moda, estava fora do mercado de trabalho. Alexandre Oshiro, por sua vez, estava descontente com a sua atuação. Percebendo a pouca oferta de opções veganas e saudáveis na região do ABC de São Paulo, tiveram a iniciativa de combater a gama de industrializados. “Quando comemos na rua sentimos muito gosto de tempero pronto, sódio... Sentimos falta do frescor dos alimentos”, conta Oshiro, que desde pequeno teve como base de sua alimentação frutas e legumes. Durante sua jornada profissional, Oshiro trabalhou em diversos locais gastronômicos de onde herdou muita experiência na culinária. Foi então que, junto com Britto, começaram a analisar a qualidade dos alimentos congelados e industrializados que são consumidos por pessoas com pressa ou sem tempo. Pensando exatamente nessas pessoas, que surgiu a ideia de disponibilizar opções saudáveis em seus congeladores para momentos corriqueiros. “Temos zelo em preservar o máximo possível de nutrientes”, diz Oshiro, enquanto explica os cuidados que são tomados na preparação dos alimentos e o uso de produtos alternativos como óleo de coco, óleo de dendê, azeite de oliva, leite de girassol, entre outros. Eles começaram um cardápio de apenas três especialidades: trufas, pão e leite vegetal e, percebendo a necessidade de oferecer mais possibilidades nutritivas e saborosas, logo, providenciaram mais produtos. Britto e Oshiro montam marmitas veganas de acordo com a necessidade do cliente, entrando, muitas vezes, em contato direto com a nutricionista particular e todos os dias enviam, por meio de um serviço de entregas de bike, marmitas congeladas. Além desse atendimento personalizado, a dupla oferece periodicamente cursos de especialização para pessoas interessadas em cardápios veganos. Já fazem parte desta lista: trufas, panetones, massas e até menu fit completo.

“O projeto visa entregar uma opção de alimentação saudável e de baixo custo – acessível para o patrão, para o cobrador de ônibus, para a vendedora de loja, pro estagiário, enfim –, sem emitir CO2”, esclarece Jéssica Malec, idealizadora da Bike Fruit. Trata-se de um serviço de entrega de saladas de frutas no bagageiro de uma bicicleta. Das 9h às 17h, Lucas, marido de Jéssica, pedala pelas ruas da região central de Curitiba com até 13 opções de frutas. Pra comprar basta entrar em contato com a empresa e agendar. É possível contratar pacotes mensais a partir de duas porções de 250 ml por R$ 20 ao mês até cinco porções por semana de 500 ml que saem R$ 80. Jéssica conta que a iniciativa não era servir ao público vegano ou vegetariano, mas de certa forma levam a opção de baixo custo para essas pessoas. “Já participamos de alguns eventos nessa cena e temos um retorno bem legal do público vegano e vegetariano”.

Comments